Por André Rocha
Quando
Ricardo Gomes sofreu o AVC na partida contra o Flamengo, última do turno do
Brasileirão, e o Vasco resolveu seguir com o auxiliar Cristóvão Borges no
comando técnico, imaginou-se que não só a filosofia de trabalho seria mantida,
mas também a estrutura tática que levou o time ao título da Copa do Brasil.
Errado. Cristóvão deu à sua equipe um toque de versatilidade. A
mesma que exibia nos campos nos anos 1980, como volante ou meia no Bahia,
Fluminense, Corinthians, Grêmio, entre tantas outras equipes que contaram com
seu futebol simples, elegante e…polivalente.
O Vasco de Ricardo Gomes atuava basicamente num 4-3-1-2 que
variava para um 4-3-2-1. A chave era o posicionamento de Diego Souza de acordo
com o desenho tático do adversário. Contra equipes com dois volantes, o camisa
dez abria pela esquerda para combater o lateral adversário. Diante de times com
um volante plantado, Diego Souza atuava na ligação para encaixar a marcação.
O Vasco de Ricardo Gomes campeão da Copa do Brasil: 4-3-1-2 que variava para 4-3-2-1 de acordo com a movimentação de Diego Souza, que podia ser meia de ligação ou quase um atacante pela esquerda. |
Com Cristóvão, o time cruzmaltino é mutante, se transforma de
acordo com o adversário e as circunstâncias do jogo. Pode atuar no 4-3-1-2, mas
com Felipe como meia de ligação como nos 2 a 0 sobre Bahia e Botafogo, e no
4-3-2-1 de Gomes. Mas também no 4-3-3, como nos 3 a 0 sobre o Grêmio e no
4-2-3-1, esquema dos 2 a 2 contra o Corinthians em São Januário.
O 4-2-3-1 contra o Corinthians: Juninho na articulação central, Éder Luís e Diego Souza pelos flancos e Elton mais fixo no ataque. |
No
empate com a Universidad de Chile em São Januário, mais uma variação: o
4-1-3-2, com Rômulo plantado à frente da defesa, uma linha de três armadores formada
por Allan à direita, Juninho centralizado e Felipe criando pela esquerda. Na
frente, Bernardo e Elton. Sem Diego Souza, suspenso, e Éder Luís, lesionado, o
Vasco foi melhor no primeiro tempo tocando a bola e atacando em bloco.
Mas também saindo rápido nos contragolpes, como no lançamento de
Alan que desviou em um defensor adversário e encontrou Bernardo livre para
abrir o placar.
Com a saída de Felipe aos 15 minutos do segundo tempo com dores
no adutor da perna esquerda, o time brasileiro perdeu volume de jogo, sentiu o
desgaste de tantos jogos decisivos e viu a ótima “La U”, em um ousado 3-4-3,
avançar suas linhas e ocupar o campo de ataque até empatar na bola parada que
encontrou o zagueiro Osvaldo González solto na área.
Contra a Universidad de Chile pela Sul-Americana, um 4-1-3-2 com Rômulo mais plantado à frente da zaga e três armadores se juntando a Bernardo e Elton. |
O
resultado na primeira semifinal da Sul-Americana não foi o ideal, mas há como
vencer no Chile. Assim como é possível superar os rivais Flu e Fla e, contando
com um tropeço do Corinthians, conquistar o quinto título brasileiro do clube.
Porque o Gigante da Colina não é apenas flexível taticamente.
Também possui jogadores capazes de cumprir múltiplas funções. Diego Souza pode
ser meia, atacante pela esquerda ou até centroavante; Bernardo é meia-atacante,
mas também joga na frente; Jumar é volante e lateral-esquerdo; Juninho pode articular
de trás ou fazer a ligação mais avançado; Allan é volante, meia, lateral e até
ponta pela direita.
Felipe vem armando o time em qualquer setor do campo,
independentemente da posição. Sem falar em Dedé, zagueiro que é o craque do
time, capaz de desarmar, iniciar a jogada e aparecer na área para concluir.
O Vasco de Cristóvão merece ser exaltado pela fibra e vontade de
vencer todas as competições, ainda que os títulos não venham. Mas também faz
jus aos elogios pela dinâmica e versatilidade tática. Um autêntico time
“camaleão”.
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