Por Bruno Borges
A campanha de reeleição do Presidente Obama funcionou com um relógio preciso. Quando os resultados começaram a chegar, eles mostraram que a estratégia democrata funcionou perfeitamente, ganhando onde era necessário, na maior parte das vezes, por muito pouco. Foi uma vitória decisiva, mas apertada. Os EUA emergem dessas eleições mais tolerantes, mais diversos, mas bastante divididos. Isso era esperado: Obama foi o primeiro presidente, desde Roosevelt na década de 1930, a ser eleito enfrentando uma taxa de desemprego de 7,9%. Foi um voto de confiança e, principalmente, de reafirmação: as políticas de estímulo, assim como a grande reforma do sistema de saúde foram ratificadas e tiveram um apoio popular fundamental.
Os desafios são muitos, já que os EUA ainda estão longe de uma resolução efetiva da crise financeira de 2008 e de seu papel global declinante na década passada. Mas o maior desafio dos EUA daqui para frente é político: é preciso superar o rancor, o ressentimento e o revanchismo para que haja alguma forma de diálogo. Isso é indispensável para um sistema político que só pode funcionar a partir de um consenso básico entre forças partidárias sobre as principais questões em jogo. Os republicanos tiveram quatro anos para travar qualquer possibilidade de resolução de problemas. Seu tempo e viabilidade eleitoral parecem ter-se esgotado. Resta saber se perceberão isso a tempo ou se caminharão para tragédias eleitorais sucessivas.
Quanto aos problemas internacionais, Obama deve navegar por uma combinação de fatores internos e desafios do sistema internacional. Os últimos quatro anos foram, forçosamente, um realinhamento das prioridades da política externa norte-americana sem mais espaço para manter o unilateralismo. Essa condição continua e é cada vez mais acentuada pela emergência de atores que não podem ser ignorados. Esse mundo mais multilateral pode ser mais perigoso, mas as bases estabelecidas por Obama parecem sólidas para um segundo mandato. Não podemos nos esquecer, no entanto, de que Guantánamo continua aberta e de que o governo norte-americano ainda comete abusos sistemáticos ao lutar guerras secretas e usar instrumentos de morte remota.
A extensão do que Obama poderá fazer nos próximos anos ainda é uma incógnita, mas uma coisa é certa: a mudança global está em marcha e a crise continua. Como diria Pessoa, “navegar é preciso, viver é impreciso”.
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