quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Brasil e Argentina criarão Fundo de Integração Produtiva


"A América do Sul se encontra, necessária e inarredavelmente, no centro da política externa brasileira. Por sua vez, o núcleo da política brasileira na América do Sul está no Mercosul. E o cerne da política brasileira no Mercosul tem de ser, sem dúvida, a Argentina." (Samuel Pinheiro Guimarães)
03/11/2010
Daniel Rittner
Brasil e Argentina vão criar um fundo para estimular projetos industriais de integração produtiva. O fundo está em fase final de formatação e, segundo o governo argentino, contará com US$ 200 milhões. A meta é financiar projetos de “complementariedade” e “associação”, principalmente, entre pequenas e médias empresas de oito setores definidos como prioritários.
Conforme explicou o Ministério da Indústria, na Argentina, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aportará US$ 100 milhões ao novo fundo. A outra metade viria do lado argentino, com recursos do Banco de la Nación e o Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE). Em uma primeira etapa, serão concedidos empréstimos e realizados aportes de capital em dólares. Depois, a ideia é aplicar metade do fundo em projetos de investimentos bilaterais, liberando dinheiro em pesos e em reais.
“Temos o desafio de aproveitar os profundos benefícios que propiciará o fato de nossos aparatos produtivos se transformarem em verdadeiras cadeias de valor regionais, com projeção global”, afirmou a ministra Débora Giorgi, por meio de comunicado. Ela negociou detalhes do fundo, cujos desembolsos só ocorrerão a partir do ano que vem, com o vice-presidente do BNDES, Armando Mariante.
Os dois países classificaram recentemente oito setores como prioritários para a integração produtiva. Eles foram divididos em dois grupos. Os setores “estratégicos” englobam petróleo e gás, autopeças, aeronáutica e maquinária agrícola. O grupo de “sensíveis” abrange madeira e móveis, lácteos, vinhos e eletrodomésticos de linha branca (geladeiras, fogões e lava-roupas).
A ordem, nos dois governos, foi buscar maior integração e complementariedade de suas indústrias como forma de atenuar os conflitos comerciais. Após a chamada “guerra das geladeiras”, os conflitos subiram de tom no ano passado, com a aplicação mútua de licenças não automáticas de importação. Depois, já neste ano, a Argentina chegou a dificultar a entrada de alimentos processados – não só do Brasil – que concorriam com a indústria local.
O déficit na balança comercial com o Brasil preocupa o governo argentino. Nos nove primeiros meses do ano, a Argentina teve déficit de US$ 2,4 bilhões no comércio bilateral, três vezes e meia maior que o saldo negativo de todo o ano de 2009. A expectativa da consultoria Abeceb é que o resultado alcance US$ 3 bilhões em 2010.
Neste ano, o Brasil elevou suas vendas à Argentina em 57%, concentrando a pauta de exportações em produtos industrializados. Já a Argentina vendeu 34% mais que o Brasil. O principal destaque é o setor automotivo, no qual quase 60 de cada cem carros fabricados no país vizinho são vendidos no mercado brasileiro, mas também cresceu o envio de produtos argentinos como borracha, cobre e trigo.

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